Reuniões todas as segundas-feiras, às 17h e 30 min, no Diretório Acadêmico do Curso de História, localizado no Prédio 74 (CCSH) do Campus da UFSM. Participe!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O OUTRO LADO DA MOEDA

Por Ciro Oliveira

Na última terça-feira, Luiz Fernando Maffini defendeu, de forma incisiva, o aumento da tarifa do trasnporte coletivo em Santa Maria. No entanto, o presidente da ATU 'esqueceu' que esta moeda tem dois lados, e só apresentou o seu.

Eu gostaria de lembrar que a planilha tarifária, elaborada pela Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana e apresentada ao Conselho Municipal de Transportes, que sugeriu um valor de R$2,03 para a passagem, desconsiderou fatores como o valor referente à publicidade do busdoor e a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional (com conseqüente diminuição dos custos com combustível).

Também, em momento algum, tocou-se no assunto-tabu 'lucro', nunca mencionado pelas empresas, que alegam estar tendo prejuízo de R$20 mil por dia. Pergunto: estamos realmente falando de prejuízo ou de redução da margem de lucro? E não me venham dizer que, atualmente, as empresas de ônibus não têm lucro, pois seria demagogia afirmar que, no sistema capitalista, essas empresas trabalhariam filantropicamente.

Maffini coloca que o veto do prefeito à decisão do CMT é uma questão política, quando o problema é muito maior: é social. O atual contexto de crise econômica atinge a todos, mas é mais intenso sobre as classes pobres que, historicamente, pagam a conta do capitalismo.

O empresário ainda cita Weber: "Na vida pessoal, deve-se esperar que cada indivíduo aja com ética". Pergunto: seria ético tirar ainda mais de quem nada tem, como é o caso de muitos trabalhadores? A diferença de R$0,20 é mais importante para o trabalhador que vive a catar moedas para garantir o arroz-e-feijão de cada dia, ou para os empresários da ATU, enriquecidos pela exploração do transporte coletivo?

Gostaria ainda de lembrar ao sr. Maffini que o que lembra a ditadura militar é o uso da força policial e até de 'capangas' contratados para oprimir manifestações sociais, garantidas pelo artigo 5° da nossa Constituição.

Finalmente, ressalto que os movimentos sociais continuam unidos, na luta por nossos direitos, e que não será com violência que calarão nossas vozes!
.
.
OBS: O TEXTO ACIMA É UM CONTRAPONTO AO TEXTO DO PRESIDENTE DA ATU, LUIZ FERNANDO MAFFINI, PUBLICADO NO JORNAL 'DIÁRIO DE SANTA MARIA', NA EDIÇÃO DA TERÇA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO. A SEGUIR, LEIA O TEXTO NA ÍNTEGRA.

A tarifa do transporte urbano

LUIZ FERNANDO MAFFINI/ Presidente da Associação dos Transportadores Urbanos (ATU)

Conforme amplamente noticiado, os estudos da planilha tarifária foram elaborados pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana de Santa Maria e enviados ao Conselho Municipal de Transportes. Após amplo debate, aprovou-se, em reunião na última quinta-feira, a indicação de uma tarifa de R$ 2, resultado encaminhado para o prefeito.O prefeito, surpreendentemente, desconsiderou de forma histórica a decisão do conselho, até então, instrumento balizador de suas decisões. Ao não aceitar e não decretar um novo valor tarifário, chega à sociedade e aos meios de comunicação um grande questionamento. E qual é esse questionamento e essa indagação? De que a atual administração não permitiria que o novo prefeito começasse 2009 de "lombo liso".Estamos diante de um confronto político. Um governo que sai quer transferir suas obrigações de gestor ao novo governo que entra. Por que tentar atingir politicamente a futura administração, comprometendo a qualidade dos serviços e o equilíbrio financeiro do setor de transportes? Qual o motivo de prejudicar um sistema que emprega e gera renda a centenas de trabalhadores? É justo prejudicar esse sistema?A questão, certamente, passa por uma análise ética. Segundo Micheli Campos Michel Geik e outros: "Ética é a ciência do dever, da obrigatoriedade que rege a conduta humana".Bresser Pereira, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, em determinado parte de uma crônica, cita Max Weber dizendo: "Na vida pessoal, deve-se esperar que cada indivíduo aja de acordo com a ética da convicção, ou seja, a ética dos princípios morais aceitos em cada sociedade".Já na política prevalece a ética da responsabilidade. Essa ética leva em consideração as conseqüências das decisões que o político adota.Confirmada a inacreditável hipótese de uma administração agir de forma "demagógica e não-democrática", configura-se um quadro político antiético. Atinge-se um sistema eficaz e de qualidade, desrespeitando as opiniões e pareceres dos conselhos quando diferem das suas. Agir de forma impositiva lembra, em muito, os tempos da ditadura.

Nenhum comentário: